OS ESPIRROS QUE INCOMODAM MUITA GENTE…
Um espirro ali, outro aqui, que pode se tornar um problema, principalmente se há mais de 1 gato em casa, pois ele é altamente transmissível.

Conhecido como gripe felina ou rinotraqueíte, o Herpesvírus Felino é um vírus que afeta o sistema respiratório dos felinos em diversas fases da vida e em graus variados de patogenia (evolução).

A doença afeta principalmente gatos que vivem ou que são provenientes de ambientes com múltiplos gatos e, por definição, na medicina felina, ambientes multi-cat são locais que possuem mais de 5 gatos.

SOBRE O VÍRUS
O Herpesvírus Felino é similar ao herpesvírus de outras espécies, como cães e homens, mas esse é específico do gato.

É vírus frágil e termossensível, não sobrevivendo no ambiente por mais de 18 horas, além de ser suscetível à maioria dos desinfetantes, anti-sépticos e detergentes comerciais.

EPIDEMIOLOGIA – A distribuição da doença
O gato doméstico é o principal hospedeiro do Herpesvírus. Ele atinge tanto machos quanto fêmeas, e felinos com idade de até 1 ano, porém todos os gatos estão suscetíveis.

O gato sadio é infectado após ter contato com as secreções nasais, orofaríngeas e/ou oculares de um gato doente pelo período de 1 a 3 semanas consecutivas. Esse contato tem que ser direto e constante com o gato doente ou com as secreções dele, já que o vírus é envelopado e por isso não sobrevive por muito tempo no ambiente.

A transmissão entre mãe e filhotes é bastante comum pelo contato íntimo, e nos abrigos, o risco é ainda maior: se 1 gato doente entrar no abrigo, após uma semana, 50% dos gatos podem excretar o vírus.

PATOGÊNESE – Como ocorre a transmissão
Após contato entre um gato saudável e um doente, o vírus entra pelas vias nasal, oral ou conjuntival, causando a infecção do sistema respiratório.

Após 24h, o gato infectado passa a excretar o vírus, e a infecção persiste por até 3 semanas. Os sintomas tendem a desaparecer após cerca de 14 dias.

Alguns animais podem desenvolver lesões crônicas nos tecidos oculares e no trato respiratório superior, como rinite crônica por exemplo.

Após a cura clínica da doença, o vírus se aloja nos gânglios trigêmeos, que são os principais locais de latência, ou seja, inatividade.

A reativação viral pode ser induzida por diversos fatores, como por exemplo o uso de glicocorticóides, mas principalmente por eventos estressantes, como lactação (40%), mudança do gato para um novo ambiente (18%), viagens do tutor, cirurgias, mudanças de rotinas em gerais, prenhez e outros.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Os principais sinais clínicos de pacientes com Herpesvírus Felino são:

‌Febre
‌Anorexia
‌Prostração
‌Secreção nasal que começa mucoide e evolui para purulenta
‌Quemose
‌Befaroespasmo
‌Secreção ocular
‌Tosse e
‌Espirro

Manifestações menos comuns incluem ulceração oral, gengivite/estomatite, dermatite facial e alterações neurológicas que são raras. Também podem aparecer manifestações oculares descritas com relativa prevalência, como úlceras de córnea, ceratite estromal e sequestro de córnea.

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é feito pelo médico veterinário, que pode fazer tanto o diagnóstico clínico, baseado no histórico do paciente e nos sintomas que ele está apresentando, quanto o diagnóstico laboratorial chamado PCR, um método molecular feito pela secreção nasal ou orofaríngea do paciente.

TRATAMENTO
O tratamento é baseado nos sintomas que a virose causa, sendo ele de suporte ao paciente. Para um diagnóstico e tratamento correto procure o Médico Veterinário de sua confiança, pois várias outras doenças podem ter a mesma sintomatologia do Herpesvírus Felino, e o tratamento incorreto pode acarretar em danos irreversíveis.

MANEJO E PREVENÇÃO
É necessário minimizar a transmissão da doença.

A prevenção da doença se dá pela vacinação de gatos imunocompetentes no tempo correto e da forma indicada pelo Médico Veterinário. Mesmo que as vacinas não imunizem 100%, elas atenuam os sintomas da doença, enfraquecendo uma reação mais violenta e possíveis complicações da virose. Todos os gatos devem ser vacinados, independente da idade, e o reforço deve ser anual, independente do estilo de vida, conforme orienta o guideline de vacinação do WSAVA.

O manejo deve incluir higiene e boas condições sanitárias do ambiente, e principalmente o correto protocolo vacinal.
E se for um ambiente com superpopulação, a indicação é tentar fazer a redução desses animais, tentando doação ou, no mínimo, evitando pegar mais animais na rua.

A castração faz parte do bom manejo e é extremamente importante, pois com ela evitamos novas crias e a guerra entre gatos para procriação, o que gera alto nível de estresse, culminando em baixa imunidade e um ciclo sem fim de transmissão.

Além disso, é super válido investir em estratégias de enriquecimento ambiental, fazendo a gatificação do ambiente, verticalizando e tentando imitar ao máximo o ambiente natural do felino. A minimização do estresse é vital.

PROGNÓSTICO
O prognóstico é variável, e depende do estado basal do gato. Normalmente tem bom prognóstico. Porém em filhotes desnutridos ou muito débeis possa existir complicações graves.

Referências
Liège, Etienne Thiry. Feline  Herpesvirus Infection. December, 2017. The European Advisory Board on Cat Diseases (ABCD).

Day, M. J. et al. Guidelines for the Vaccination of Dogs and Cats. January 2016. Compiled By The Vaccination Guidelines Group (VGG). Of The World Small Animal Veterinary Association (WSAVA).

BISSO, Amanda. Rinotraqueíte Infeciciosa Felina – Revisão. UNICRUZ. 2011

Dra Ludmila Andrade é médica veterinária formada em 2016 pela Escola Superior Batista do Amazonas, profissional que se atualiza constantemente para que todos os seus pacientes recebam o melhor. Com seus serviços, tem recebido homenagens e sido convidada para ministrar palestras em cursos de Medicina Veterinária em Manaus. Membro da AAFP (American Association of Feline Practitioners) da ISFM (International Society of Feline Medicine) além da ABFEl (Associação Brasileira de Felinos), e pós-graduada em Medicina Felina pelo Instituto Qualittas, a melhor escola de pós-graduação do Brasil, dedica a maior parte do seu tempo para entender o comportamento felino e as doenças que os afetam, especialmente as doenças renais!

Segue o site da Dra. Ludmila Andrade que atende Manaus e é uma grande especialista em saúde felina cercada por profissionais de altíssima qualidade e como todos nós, amantes malucos por gatos! www.unidadedesaudefelina.com

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