Por Dra. Manuela Bamberg Gato Zen

AGRESSIVIDADE ENTRE GATOS: ENTENDA O POR QUÊ
A agressividade nada mais é que um comportamento reativo que faz parte dos relacionamentos
entre gatos e genuinamente é necessária para a preservação da espécie; portanto, é algo
natural. Todavia, o impulso agressivo pode ser tornar desequilibrado e exacerbado e
geralmente, acontece quando não se respeita o comportamento natural do gato. Pois bem,
vamos falar um pouco sobre os tipos de agressividade que existem entre os felinos e por que
acontecem.
Alguns estudos já realizados na área de comportamento felino relatam que dentre as queixas
dos tutores sobre os distúrbios comportamentais dos felinos, a agressividade entre gatos ocupa
aproximadamente 30% dos casos. Muitos tutores informam que seus gatos foram agressivos em
pelo menos um momento da vida, logo um dos passos para iniciarmos um tratamento adequado
é a identificação do tipo de agressão.
Antes de discutirmos sobre os tipos de agressividade entre gatos, precisamos entender quais
são os fatores que influenciam para o desencadear deste comportamento:
1- Gato: apresenta comportamento social limitado
2- Humano: demanda por contato social maior; inconsistência na relação com o gato
3- Ambiente: aumento da população de gatos dentro de uma casa
Quando mesclamos estes três fatores podemos começar a entender os gatilhos que levam às
agressões. Os gatos são seres semi-sociáveis que não necessitam de interações que nós
humanos buscamos e queremos. Quando escolhemos ter um gato, muitas vezes forçamos
interações e carinhos que eles não toleram. Associado a isso, o aumento populacional de gatos
dentro das casas (casas multicat) contribui para o aparecimento de distúrbios comportamentais
que podem ser refletidos na agressividade.
Depois de entendermos um pouco sobre esses fatores, o próximo caminho é saber identificar o
tipo de agressão que pode existir entre gatos.
PRIMEIRO PASSO: Descartar problemas médicos
Doenças que provocam dor ou algum outro desconforto podem levar o gato a se tornar menos
tolerante a manipulações e interações; doenças endócrinas, como o hipertireoidismo pode
desencadear agitação e irritação; distúrbios neurológicos e disfunção cognitiva do paciente
idoso também contribuem para o desenrolar da agressividade.
SEGUNDO PASSO: Diferenciar agressão natural de agressão por desequilíbrio emocional
Agressão natural: lúdica (brincadeira/predação)
Agressão por desequilíbrio emocional: medo, redirecionada, status
Agressão Lúdica:
Geralmente gatos filhotes, jovens ou gatos muito ativos são os que cometem esse tipo de
agressão. Pode evoluir para briga mais violenta, pois a vítmia muitas vezes não quer participar
da brincadeira.
Agressão por medo:
Essa agressividade é do tipo defensiva e acontece muito nos casos de chegada de novos gatos
no lar; os residentes atuais da casa tendem a não aceitar os novos integrantes e vice versa, sendo
o medo então, a principal emoção envolvida no processo.
Agressão redirecionada:
Também pode ser chamada de agressão deslocada; acontece de forma imprevisível, costuma
ser violenta e de difícil interrupção. Tem que haver um estímulo incitante (por exemplo, um
barulho ou um movimento que gerou algum trauma ou desconforto no agressor) e um estímulo
acessível, que no caso é a proximidade do gato que sofrerá a agressão. O desafio deste tipo de
situação é identificar o gatilho que leva o gato a agredir.
Agressão por status:
Neste caso o agressor é chamado de déspota e a vítima, de pária. O déspota é aquele gato mais
confiante e muitas vezes dominador do ambiente; o pária costuma ser o gato mais medroso e
inseguro. A agressão tende a acontecer em momentos e contextos específicos: quando o tutor
chega em casa após passar o dia no trabalho, quando o gato pária está usando um brinquedo
ou dormindo em um lugar que o déspota deseja naquele momento, enfim, a agressão por status
muitas vezes tem haver com competição por recursos.
Para cada tipo de situação discutida acima existe tratamento e este começa pelo manejo
ambiental: enriquecimento ambiental com descentralização de recursos, como comida, água,
banheiro e brinquedos; introdução gradativa do novo gato; dessensibilização com o estímulo
incitante, etc. Muitas vezes é necessário associar ao manejo ambiental a terapia medicamentosa
(psicoativos). A terapia floral, como parte dasterapiasintegrativas, também tem sido usada para
situações de desequilíbrio emocional em animais.
A agressividade é um componente comportamental natural entre felinos e deve ser manejada
de acordo com o contexto em que o animal se insere. O desequilíbrio deste comportamento
inato gera conflitos no ambiente doméstico: os tutores muitas vezes ficam frustrados e perdidos
e os gatos completamente estressados. Cabe a nós, médicos veterinários orientarmos os tutores
de gato sobre o comportamento natural da espécie e suas necessidades ambientais. Abaixo
estão algumas dicas importantes para se evitar agressividades futuras entre gatos.
1- Socializar os filhotes (2-7 semanas)
2- Controlar a densidade populacional, inclusive preferindo residentes aparentados
3- Introduzir gradativamente novos gatos no grupo
4- Proporcionar enriquecimento ambiental

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